Em
uma composição em tempo real, Olga e Gil se entregam a um jogo mediado
pelo computador, no qual as simultaneidades se dão no delay e na vida.
Um espelho de dois, que distorce, amplia, rarefeita os movimentos. Entre
sobreposições, fusões também se dão. Existem os 2 e existem Nó(s). Com
grande cumplicidade, a poesia acontece pela precisão e pela troca atenta
um no outro, outro no um. O movimento isolado de cada corpo é tão
interessante quanto seu resultado projetado. Evidenciam-se intenções e
se criam imagens que nos deslocam no entre corpos e tecnologia. Às vezes
estamos em Lilliput, entre diferentes proporções, mas basta olhar para
outro lado para que a mágica ganhe contornos do real. Dá para perder o
parâmetro do tempo e do espaço. Estão lá os afetos e as distâncias.
Tempos se entendendo para se tornarem o mesmo, apesar de não o serem.
Corpos que se sobrepõe em paisagens de olhos, bocas, mãos. Os afe(c)tos
acontecem. Alguma coisa ali me deixou com saudades, não sei bem do que.
Entre atualizações e processos, imagens do que pode ser feito, now!
Basta estarmos juntos.
Foto: Aldren Lincoln
Leticia Olivares é atriz, especializada em Dança e Consciência Corporal
(FMUSP), com graduação em Letras (Universidade Mackenzie). Pesquisadora
das Artes Cênicas, atualmente é mestranda na Escola de Artes Cênicas da
USP, na linha de Teoria e Prática Teatral. Tem interesse por Educação e
Filosofia e procedimentos inter/transdisciplinares. Em seu modo de
existir, acredita na Arte como forma de reinventar a própria existência.
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