domingo, 28 de abril de 2013

Crítica de Letícia Olivares sobre o espetáculo Nó

Em uma composição em tempo real, Olga e Gil se entregam a um jogo mediado pelo computador, no qual as simultaneidades se dão no delay e na vida. Um espelho de dois, que distorce, amplia, rarefeita os movimentos. Entre sobreposições, fusões também se dão. Existem os 2 e existem Nó(s). Com grande cumplicidade, a poesia acontece pela precisão e pela troca atenta um no outro, outro no um. O movimento isolado de cada corpo é tão interessante quanto seu resultado projetado. Evidenciam-se intenções e se criam imagens que nos deslocam no entre corpos e tecnologia. Às vezes estamos em Lilliput, entre diferentes proporções, mas basta olhar para outro lado para que a mágica ganhe contornos do real. Dá para perder o parâmetro do tempo e do espaço. Estão lá os afetos e as distâncias. Tempos se entendendo para se tornarem o mesmo, apesar de não o serem. Corpos que se sobrepõe em paisagens de olhos, bocas, mãos. Os afe(c)tos  acontecem. Alguma coisa ali me deixou com saudades, não sei bem do que. Entre atualizações e processos, imagens do que pode ser feito, now! Basta estarmos juntos.

 Foto: Aldren Lincoln

Leticia Olivares é atriz, especializada em Dança e Consciência Corporal (FMUSP), com graduação em Letras (Universidade Mackenzie). Pesquisadora das Artes Cênicas, atualmente é mestranda na Escola de Artes Cênicas da USP, na linha de Teoria e Prática Teatral. Tem interesse por Educação e Filosofia e procedimentos inter/transdisciplinares. Em seu modo de existir, acredita na Arte como forma de reinventar a própria existência.

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